Eduardo Bighelini, tenor * O seu evento merece esse show!
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O CANTO
I – Um Resumo sobre a história do canto:
O desejo de cantar manifesta-se desde o berço; muitas vezes os bebês fazem ouvir ou agitar seu chocalho fazendo ritmos e até mesmo melodias. Esse desejo dura até os limites de sua vida. Canta-se para ritmar o trabalho, para estimular o prazer, canta-se para embalar os pesares ou para esbanjar a nossa alegria. E canta-se na maioria das vezes sem razão, de forma automática, realizando os atos mais insignificantes da existência cotidiana.
Mas não queremos dizer com isso tudo que cantar é uma tarefa simples.
Cada vez que tentamos cantar, entoamos sons que se murmuram como notas ao acaso, seja de que forma for, sem dar atenção ao que se está fazendo, põem-se em ação as inúmeras peças de um aparelho complicado, o aparelho vocal. Nesse momento é provocado o fenômeno “fonético”, isto é, um dos mais maravilhosos da fisiologia.
A voz cantada e a voz falada, embora oriundas do mesmo fenômeno, são muito diferentes entre si. Todo o som cantado é uma nota, ao passo que o som da fala não pode ser anotado musicalmente. Dizemos que para cantar, mesmo que uma única nota, o homem mais ignorante em canto, o faz inconscientemente na laringe, produzindo assim um som musical, ao passo que um momento antes, falava com o auxílio dos mesmos meios naturais, porém usados de outra forma.
É tão verdadeiro esse conceito que, algumas pessoas dizem: “não tenho voz para cantar”, isto é, só conseguem emitir sons grotescos e sem beleza. O canto que produzem e que escutam assemelha-se pela sonoridade, ao simples ruído da palavra: mesmo cantando, parecem falar.
É uma verdade que hoje em dia os nossos ouvidos tornaram-se menos delicados. O regime de barulho da vida moderna a que estão submetidos diariamente e por muitos anos, faz com que aos poucos percamos essa sensibilidade auditiva, e, se isso continuar sem o devido cuidado, o sentido da audição voltará em breve ao seu estado primário.
O pequeno movimento fisiológico que realizamos inconscientemente para fazer ouvir um som qualquer produz o que denomina-se de “emissão”. A emissão, portanto, está diretamente ligada à base do canto.
Os gregos e os romanos estudavam o canto com o máximo cuidado. Os cantores recebiam três ensinamentos sucessivos:
o dos “Vociferari” – que tinham como finalidade “fortificar as vozes e ampliá-las;
o dos “Phonasci” – encarregados de melhorar a qualidade da voz, de torná-la mais agradável, aveludada e de boa ressonância; e
o os “Vocales” – que eram os estudos da declamação lírica, isto é, da expressão e do estilo.
A partir da Idade Média, o ensino do canto foi inteiramente religioso. O canto profano era indicado para a música popular, tendo sua origem no estilo dos camponeses e artesãos anônimos que, enquanto trabalhavam, criavam canções, algumas vezes de trovadores, troveiros ou de menestréis. Esses poetas do canto iam de castelo em castelo, improvisando poemas e também música para acompanhamento.
Mas o estudo do canto propriamente dito era praticado nas igrejas e nas abadias. Fazia parte da educação geral dos seminários. O ensino do canto era comparado em gênero e grau ao ensino da leitura aos aprendizes. Considerava-se que o ensino musical era uma necessidade absoluta e que o ritmo e a melodia tinham como objetivo acalmar o coração e o espírito.
Por todos os lados abriam-se “Scholae Cantorum” (escolas de canto) das quais o Papa Gregório (540-604) foi o grande idealizador. De todos os claustros, dioceses e capelas erguiam-se grupos melodiosos de vozes puras, educadas e inspiradas. Começaram a partir daí a surgir escolas profanas ou “laicas” que o clero tentou de todas as formas banir e perseguir.
Os alunos de canto eram obrigados a empregar todos os dias uma hora para cantar as peças difíceis, a fim de adquirir a experiência necessária. Três horas eram destinadas: uma aos “trilos”, a segunda às passagens (ornamentos) e a terceira ao estudo das escalas. Durante uma outra hora o aluno estudava sob a orientação de um mestre, o qual tinha o cuidado de colocar o aluno diante do espelho para que ele se acostumasse a não fazer nenhum movimento ao cantar, nem com os olhos, nem com a fronte e muito menos com a boca. Essas eram as ocupações da parte da manhã. À tarde, estudava-se a teoria durante uma meia hora, sendo uma hora dedicada ao contraponto e outra ao estudo das letras. No restante do dia exercitavam-se no cravo ou na composição de um salmo, de um motete, de uma canção ou de qualquer outra composição, de acordo com o talento do discípulo.
Todo esse estudo minucioso fez o canto ter progressos consideráveis nesta época, fazendo dele uma arte completa no domínio do cantor, moldando o caráter e o talento do aluno através de uma disciplina invejável para o corpo e para o espírito.
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